sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Arte da prudência - 5. Criar dependência

(Baltasar Gracián)

"Faz-se um deus não adornando a estátua, mas adorando-a. O sagaz prefere necessitados de si do que agradecidos. A gratidão vulgar vale menos do que a esperança cortês, pois a esperança tem boa memória e a gratidão é esquecida. Obtém-se mais da dependência que da corteria. Quem já matou a sede dá as costas à fonte, e alaranja espremida passa de ouro a lodo. Finda a dependência, desaparecem as boas maneiras, bem como estima. A lição mais importante que a experiência ensina é conservar a dependência, e nutrí-la sem satisfazê-la, mesmo diante de um rei. Mas não chegue a extremos, calando para que os outros errem ou tornando o mal incurável em proveito próprio".

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