domingo, 27 de janeiro de 2008

Postura pode condenar a coluna

A dor na coluna é uma das mais frequentes queixas dos trabalhadores do país. Não importa o dinheiro que recebam no fim do mês, o problema afeta de executivos a operários, de profissionais liberais a motoristas de ônibus. Na esmagadora maioria das vezes, a causa do martírio é erro de postura. Não sabemos como sentar, deitar e até mesmo andar sem submeter a maus-tratos a estrutura de 33 vértebras que sustenta a cabeça e a parte superior do corpo e se integra à bacia. O confinamento nos escritórios e a falta de atividade física fazem tudo piorar.

Diante dessa realizada, cresce o número de casos de hérnia de disco no mundo. A palavra hérnia significa deslocamento de algo para fora de seu lugar. Na hérnia de disco o que ocorre é um deslocamento do núcleo, a parte interna do disco intervertebral, através de uma ruptura da parte externa, que funciona como capa do disco. Isso pode ser comparado ao que acontece quando a capa de uma almofada se rasga e parte da espuma do recheio sai. Geralmente o fragmento de núcleo que escapa de dentro do disco comprime uma das raízes do nervo ciático.

DISCO

O jornalista Carlos Eduardo Araújo passou por essa experiência poucos dias antes do Natal. ‘‘Eu me lembro que num dia de domingo eu levantei de mau jeito um objeto pesado. Na quarta-feira da mesma semana eu senti alguns desconfortos, mas nada de anormal. Fui trabalhar dirigindo, mas depois eu simplesmente travei. Passei umas duas horas sentado numa cadeira e não conseguia me mover’’.

Segundo o neurocirurgião Márcio Ramalho, as causas da hérnia de disco são variadas. ‘‘Existem dois tipos de pacientes. Uns com pré-disposição a ter a hérnia, são aqules com a herança genética, e aquelas pessoas que através de uma carga excessiva e movimentos bruscos adiquirem a doença’’, afirmou.

Quanto a localização, podem ser classificadas em cervicais, dorsais e lombares, dentro ou fora do canal vertebral, classificadas em internas e medianas que estão centradas ao canal, para-medianas localizadas lateralmente ao meio do canal e foraminais que se localizam nos forâmes.

A pessoa com hérnia de disco apresenta: dor local ou irradiada para membros, espasmo da musculatura, diminuição da mobilidade articular, fraqueza muscular, diminuição de força, postura antálgica, alterações posturais, alteração da sensibilidade na região, encurtamento muscular, principalmente da cadeia posterior. ‘‘Eu senti muita dor na coluna e na perna esquerda. Depois que eu perdi o movimento e fui levado ao hospital, tive que tomar Morfina para suportar a dor. E até aquele momento ninguém sabia o que eu tinha. Depois eu fiz uma ressonância que apontou a lesão em duas vértebras’’, declarou Eduardo, que só após seis dias de internação, conseguiu levantar e caminhar, ainda com dificuldades.

DOENÇA

O neurocirurgião afirmou que em pessoas com aproximadamente 40 anos, a hérnia de disco é mais comum. No entanto, isso não é regra, pois a hérnia pode ser diagnosticada em pessoas de 20 a 60 anos. ‘‘A hérnia de disco é uma doença degenerativa, um processo de envelhecimento. Mas existem pessoas com micro-estabilidade, são essas pessoas que adquirem a doença mais cedo. Hoje em dia são atendidos muitos pacientes jovens que sofrem com a hérnia’’, declarou.

Para Márcio, o aumento do número de casos da doença está relacionado a facilidade do diagnóstico. ‘‘Atualmente são muitas as maneiras de identificar a doença. Por isso, muitas pessoas com 20 anos ou mais estão descobrindo a hérnia e também tentando previnir a evolução dela’’, declarou.

Na maioria dos casos a hérnia de disco pode ser tratada com medicações para reduzir a dor e a inflamação do nervo, repouso relativo e fisioterapia. A cirurgia é indicada nos casos em que não há melhora com o tratamento, ou quando o sofrimento da raiz nervosa é muito intenso. ‘‘Quando a dor permanece por mais de dois meses é preciso fazer a cirurgia. Em alguns casos, há um défict neurológico, ou seja, uma fraqueza na hora de movimentar as pernas ou os braços. Aparecendo esses sintomas, a cirurgia também é necessária’’, afirmou o neurologista.

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