Qual é o idioma que mais tem sido valorizado dentro das empresas brasileiras? Inglês? Espanhol? Mandarim? Se você chutou uma dessas línguas, errou. Elas são importantes e continuam sendo um diferencial de peso em muitas companhias. Mas há um idioma que é uma unanimidade em qualquer empresa do país e seu domínio já tem garantido holofotes para vários profissionais: o nosso bom e velho português.
Parece incrível, mas a nossa língua nativa é tão mal conhecida por seu próprio povo que saber escrevê-la e falá-la de acordo com a língua culta e de forma fluente tem se tornado um fator de destaque para profissionais das mais diversas áreas. Heloísa Faria, gerente de educação corporativa da Elektro, ilustra como isso se dá em sua empresa. “Na hora de escrever relatórios, por exemplo, são chamadas sempre as mesmas pessoas que já sabemos que escrevem melhor e quando a empresa recebe um prêmio por causa daquele documento é o profissional que o escreveu que se destaca”, conta.
Como se vê, ter uma boa redação e conhecimento da gramática rende dividendos não só para quem trabalha com comunicação. Entretanto é lógico que o grau de exigência do domínio do português vai variar de acordo com a função. No caso da Elektro, o candidato que almeje um cargo de atendente do call center (Centro de atendimento telefónico. Estrutura montada para centralizar o relacionamento com clientes que entram em contato com uma empresa pelo telefone) vai ter que passar por uma prova de redação própria de um vestibular. Na seleção, são exigidas tanto a correção ortográfica como a coerência e a coesão textuais, atributos que a empresa julga imprescindíveis para quem atende os clientes. “Eles são a voz da empresa para o cliente, por isso não podem descuidar do português”, afirma Heloísa.
O cuidado com a imagem da empresa também é cobrado por Rosângela Pereira ao instruir não só os estudantes, mas também os funcionários do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da unidade de Campinas (SP). Supervisora de relações externas da unidade, Rosângela mantém um programa permanente de treinamento que em 2007 enfatizou a língua portuguesa. “Se cobramos dos nossos alunos o português correto, não podemos exigir menos dos nossos funcionários”, explica Rosângela. O CIEE é uma organização não-governamental voltada à preparação de jovens profissionais para o mercado de trabalho.
Aí, você faz a pergunta crucial: como melhorar o meu português que nunca foi aquela maravilha? Cursos ajudam. Os resultados obtidos pela Elektro foram tão positivos que a empresa mantém uma professora de português que faz visitas periódicas à sede e ainda pretende começar um curso pela internet para seus funcionários. Um ambiente estimulante, apropriado, também colabora: no CIEE há dicionários espalhados pelas mesas e todos são incentivados a consultá-los.
Num ponto, as profissionais são unânimes: a leitura periódica melhora, e muito, o português. Rosângela e Heloísa comprovaram que quanto mais leitura, mais habilidades lingüísticas o profissional desenvolve. É importante ter em mente que a pessoa não deve se restringir aos livros de sua área de atuação. Jornais, revistas, romances e até poesia melhoram a fluência na língua portuguesa e, segundo afirma Heloísa, “modificam também a nossa visão de mundo”.
Fábio Reynol - Fundação Roberto Marinho
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