terça-feira, 28 de novembro de 2006

O Brasil na 2ª Guerra Mundial

(Historiador do cotidiano)

O Brasil na 2ª Guerra Mundial

O Brasil entrou na 2ª Guerra Mundial após torpedeamento de navios mercantes brasileiros em 1942: Buarque (15 de fevereiro), Olinda (18 de fevereiro), Cabedello (25 de fevereiro), Arabutan (7 de março) e Cayrú (8 de março)[1], além da descoberta de centrais de inteligência e espionagem alemãs - com transmissão por modernos equipamentos de rádio - no Rio de Janeiro (abril de 1942). Em 1º de maio é afundado o navio Parnahyba e a seguir o Comandante Lyra (18 de maio). Os torpedeamentos continuam com afundamento dos navios Gonçalves Dias (24 de maio), Alegrete (1 de junho), Pacuri e um pesqueiro (5 de junho), Pedrinhas (26 de junho), Tamandaré (25 de julho), Piave e Barbacena (28 de julho), Baependy e Araraquara (15 de agosto), Annibal Benévolo (16 de agosto) e Itagiba, Arará e um pesqueiro (17 de agosto)[2].

No dia 18 de agosto o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), do Governo Federal, explica à população sobre os torpedeamentos. Em 19 de agosto é afundado o 22º navio brasileiro: Jacira. Em 31 de agosto - através do Decreto-Lei nº 10.358 o governo declara estado e guerra. Nas comemorações do 7 de Setembro (Independência) são encontradas diversas bombas-relógio espalhadas na cidade do Rio de Janeiro, nos locais onde aconteceria o desfile militar. No dia 27 de setembro são afundados os navios Ozório e Lages, seguidos pelo Antônico (28 de setembro), Porto Alegre (3 de novembro) e Apalóide (22 de novembro) que torna-se 27º navio brasileiro afundado.

Em 29 de janeiro de 1943 os presidentes brasileiro Getúlio Vargas e estadunidense Franklin D. Roosevelt reúnem em Natal para efetivarem a participação do Brasil na Guerra, através do envio de uma Força Expedicionária. Em 1943 os torpedeamentos continuam: Brasilóide (18 de fevereiro) e Affonso Penna (2 de março). Em 27 de março é estabelecida a Base Aérea de Natal no então campo de Parnamirim (“Parnamirim field”) posteriormente conhecido como “Trampolim da vitória”.

Em 1º de julho é torpedeado o navio brasileiro Tutóya e no dia 4 é a vez do Pelotaslóide, afundado pelo U-Boat (submarino alemão) U-590. Mas o 590 não comemorou a vitória por muito tempo pois foi afundado por uma aeronave PBY-5 Catalina do esquadrão VP-94 próximo ao estuário do rio Amazonas em 9 de julho, cinco dias após afundar o Pelotaslóide. Em 19 de julho é a vez de um avião Mariner do esquadrão VP-74 afundar o U-513 que, há 18 dias antes tinha afundado o navio brasileiro Totóya. Em 31 de julho é afundado o primeiro submarino alemão por brasileiros, o U-199. Em 26 de setembro são torpedeados os navios brasileiros Itapagé e Cisne Branco e em 23 de outubro é a vez do navio brasileiro Campos. Em 23 de novembro de 1943 é criada a Força Expedicionária Brasileira e, em 18 de dezembro do mesmo ano, é criado o 1º Grupo de Aviação de Caça cujo primeiro comandante foi o então major Nero Moura. Em 18 de maio morre o 2º Ten.-Av Gastaldoni, face um aparente problema mecânico na sua aeronave P-40.

Além dos citados, foram também torpedeados os navios Shangri-lá, Bagé, Vital de Oliveira e Camaquã. O cruzador Bahia é vítima de explosão no paiol da popa após o término da guerra (4 de julho de 1945). Ao todo, foram registrados oficialmente 1.426 filhos da nação brasileira que perderam suas vidas por ataques de submarinos alemãos a 39 navios brasileiros[3].

Para o teatro de operações da Itália, o Brasil enviou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) junto com o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) da recém criada Força Aérea Brasileira (FAB). Constituída em agosto de 1943, a FEB tinha como emblema uma cobra fumando. Seu comandante foi o general e futuro marechal João Batista Mascarenhas de Morais e o chefe do Estado-Maior era o então major (futuro presidente do Brasil) Humberto Castelo Branco. A FEB foi integrada ao 4º Corpo do Exército Americano (sob o comando do general Willis Crittemberger), este por sua vez adscrito ao V Exército dos EUA (comandado pelo general Mark Clark)[4].

A FEB desembarcou na Itália em 16 junho (oficiais) de 1944. Em 2 de julho o transporte USS GENERAL MANN (AP-112), escoltado pelos destróieres brasileiros MARCÍLIO DIAS, MARIZ E BARROS e GREENHALGH, partem do Rio de Janeiro com o primeiro contingente da FEB (5.379 homens) com destino a Nápoles. Faziam parte deste contingente: QG/1D; 4ª CIA/11º RI (São João Del Rey); Cia.Ob./11º RI; Pel. Mrt/CPP 2/11º RI; II/1º R.O.Au.R. (Campinho); 1º Pel/Esqd. Rec.; 6º RI (Caçapava); QG/1º DIE; Dst. 9º BE; Dst./Cia. Trans.; Cia. Mnt.; Pel. Pol.; Depos. Int.; Dst. 1ª Cia. Int.; Dst. 1º BS (Valença); Gr. Supl. Hosp.; Justiça Militar, Pagadoria Fixa, Correio Regulador, 3 oficiais da Marinha de Guerra, 11 elementos do Banco do Brasil, 3 capelães e 3 correspondentes de guerra (Sívio S. da Fonseca - DIP, 1 fotógrafo do DIP e 1 fotógrafo do Exército)[5].

A FEB entrou em combate em setembro, no vale do rio Serchio, ao norte da cidade de Pisa. As primeiras vitórias da FEB ocorreram já em setembro com a ocupação de Massarosa (16.09.1943), a tomada de Camaiore (18.09.1943) e Monte Prano (26.09.1943). Durante o rigoroso inverno daquele ano combateu nos Apeninos onde enfrentou temperaturas de até vinte graus negativos e muita neve[6].

Seguem Lama di Sotto (30.09.1943), Fornaci (01.10.1943), Barga (11.10.1943) e em um só dia a FEB em esforço conjunto ocupa no dia 30 de outubro as cidades de Lama di Sopra, Pradescello, Pian de los Rios, Collo e San Chirico. No dia seguinte o 1º GAvCa realiza sua primeira missão de combate. Em 21 de fevereiro de 1945 a FEB ocupa Monte Castelo depois do Grupo de Caça ter arrasado a resistência alemã.

No início de 1945, conquistou Monte Castelo (21.02.1945), Castelnuovo (05.03.1945), Montese (14.04.1945), Zocca e Montalto (ambas em 21.04.1945) além de Collechio (28.04.1945). Em Fornovo (29.04.1945), cercou e aprisionou a 148º Divisão de Infantaria alemã, inclusive o seu comandante, General Otto Freter Pico e seu Estado Maior, além de remanescentes da Divisão Bersaglieri italiana, como o seu comandante, o General Mario Carloni. Na sua arrancada final, conquistou a cidade de Turim e, em 2 de maio, na cidade de Susa, noroeste da Itália, fez junção com as tropas francesas. Nesta data - 2 de maio de 1945 - a Itália declara sua rendição incondicional. A guerra no Teatro de Operações da Europa encerra-se em 8 de maio de 1945 com a rendição incondicional da Alemanha.

Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de 20.000 soldados inimigos (14.779 só em Fornovo) oitenta canhões, 1.500 viaturas e 4 mil cavalos, saindo vitoriosa em 21 batalhas[7].

Participaram da Força Expedicionária Brasileira oficiais que nos anos seguintes desempenhariam papéis de destaque na vida política brasileira, entre os quais, pode-se salientar os seguintes nomes: Humberto de Alencar Castello Branco (presidente da República entre 1964 e 1967), Osvaldo Cordeiro de Farias (governador de Pernambuco entre 1955 e 1959), Golbery do Couto e Silva (ministro da Casa Civil entre 1974 e 1981), Octavio Costa (idealizador das campanhas publicitárias do governo Médici), Albuquerque Lima (ministro do interior entre 1967 e 1969) e Hugo Abreu (ministro da Casa Militar entre 1974 e 1978)[8].

Referências:

[1] Disponível em: http://www.sentandoapua.com.br/ acesso em: 28 de novembro de 2006.
[2], [4], [6], [7] e [8] Disponíveis em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Força_Expedicionária_Brasileira acesso em: 28 de novembro de 2006.
[3] Disponível em:
http://www.sentandoapua.com.br/mapacom.htm acesso em: 28 de novembro de 2006.
[5] Disponível em: http://www.sentandoapua.com.br/ acesso em: 28 de novembro de 2006.

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