quarta-feira, 16 de abril de 2008

Romance sincero

(Historiador do cotidiano)

Adoro cinema. Adoro? Não, não é essa a melhor palavra... eu AMO cinema. Não vou ficar aqui com falso intelectualismo, e dizer que cinema europeu é melhor, é mais arte, ou isto, isso e aquilo outro. Na minha sincera opinião, quem diz só gostar de filmes de arte europeus é alguém que não tem opinião própria e só sabe papagaiar o que os pseudo-intelectuais falam por aí afora.

Gosto de sair de casa, sentar no cinema, e me maravilhar. Se quem lê viaja, quem assiste um filme vai em outro planeta. Aqui cabe um parênteses: cinema pra mim só presta para os filmes que realmente abusam dos recursos audiovisuais disponíveis.

Eu não saio de casa para assistir dramas, ou romances bobos. Nem tão pouco para filmes de horror ou suspense. Eu saio de casa para me divertir com comédias, me empolgar com aventuras, vibrar com policiais que conseguem prender os bandidos, ou me fascinar com ficção científica. E eu não tenho vergonha nenhuma de admitir que realmente gosto de filmes estadunidenses, e dos brasileiros. Dos brasileiros bons!

Existem várias cenas memoráveis. Ah... tem ensinamentos do Mestre Yoda (Guerra nas Estrelas) em que um só filme tem mais filosofia do que um livro inteiro de Platão. Gosto de me perder nas idéias, de me encontrar em imagens surreais, em viajar sem precisar apertar os cintos. Gosto de ver que muitas vezes a vida imita a arte (ou seria ao contrário?).

Digo isto, relembro-me de uma das passagens mais românticas que já vi, no filme "O Conde de Monte Cristo" (2002). Segundo a wikipédia: "O Conde de Monte Cristo (título original em francês: Le Comte de Monte-Cristo) é um romance da literatura francesa escrito por Alexandre Dumas concluída em 1844. É considerado, juntamente com Os três mosqueteiros, uma das melhores obras de Dumas, e é frequentemente incluída nas listas de melhores romances já escritos. Foi baseada na história de um sapateiro que foi preso injustamente. Lá, conhece um clérigo de que fica amigo. Quando o clérigo morre, é libertado e herda uma misteriosa fortuna. O sapateiro, agora em condições financeiras, pode vingar-se daqueles que o levaram à vida de prisioneiro. O nome do romance surgiu quando Dumas a caminho da Ilha Monte-Cristo, com o neto de Napoleão, disse que usaria a ilha como cenário de um romance. Há mesmo uma estranha semelhança entre a sua primeira parte e o posterior caso Dreyfus entre 1894-1906, em que um oficial judeu foi acusado, injustamente, de trair a pátria francesa".

No filme, o jovem Edmond Dantes (Jim Caviezel) é traído por um amigo e cai numa terrível conspiração. Ele é marinheiro e, numa viagem, passa pela ilha de Elba onde está detido Napoleão. Napoleão lhe entrega uma carta, mas como Edmond não sabe ler, só faz levar ela. Ao chegar em terra firme ele vai ao encontro da sua noiva, Mercedès (Dagmara Dominczyk), e durante a conversa na praia ele faz uma aliança com barbante no dedo dela. O "amigo" de Edmond, Fernand Mondego (Guy Pearce) - que é apaixonado pela noiva de Edmond - o entrega para as autoridades que o condenam por conspiração (pela posse da carta, endereçada ao pai do juiz Villefort (James Frain)). Edmond é condenado à prisão no Castelo d'If, numa ilha remota. Tal prisão é destinada aos presos políticos para serem esquecidos e morrerem por lá, mas Edmond consegue fugir com ajuda de um padre que - entre outras coisas - lhe ensina a ler. Nos instantes finais de vida, o padre ensina a Edmond onde se encontra um enorme tesouro na ilha de Monte Cristo. Edmond passou cerca de 16 anos preso.

Edmond retorna para a França com objetivo de se vingar dos que o traíram, e dá uma enorme festa de ressurgimento com o nome de Conde de Monte Cristo. Todos se maravilham, mas Mercedès reconhece que o Conde é o seu eterno amor, Edmond. Poucos dias depois, Edmond é convidado a uma festa na casa de Mercedès.

Chegamos finalmente à cena mais romântica que já vi: na saída da festa, ao entrar na carruagem Edmond é surpreendido por Mercedès. Ele pede pra ela descer mas ela lhe mostra o dedo, com a aliança de barbante. E diz algo como: "eu sempre te amei".

(...)

Desculpe, sempre me emociono... Mas é uma cena linda. Não pela estética dela, mas pelo sentimento, pela entrega emocional. Ela sempre o amou, e sempre carregou consigo aquela aliança, aquela prova do amor dos dois.

Uma prova de amor não precisa ser um enorme letreiro luminoso para todo o planeta ver... mas um mero pedaço de barbante - que apenas os dois sabem o significado - vale muito mais do que mil palavras.

O amor não é mensurável, não é paupável nem quantificável. O amor é o amor. É único, é especial.

E ela ainda usava a aliança que ele tinha dado... era a maior prova de amor que o mundo tinha ouvido falar...

E se fosse hoje em dia... será que você ainda usaria uma aliança depois de tempos afastados do seu verdadeiro amor?

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