(Historiador do cotidiano)
Olá queridos leitores. Fazia algum tempo que eu não postava nada autoral aqui, espero que tenham sentido saudades. Tive alguns imprevistos de força maior.
O texto de hoje é sobre preconceito. Nós costumamos dizer que educação vem de berço. Vem. E preconceito também! É impressionante como as pessoas são preconceituosas sem perceber, porque são influenciadas - SIM, INFLUENCIDADAS! - desde cedinho pelos pais, avós, tios e outros tipos de familiares.
Outro dia fui visitar um amigo. Ele mora em edifício e, como vocês já devem ter percebido, elevador é lugar de se ouvir verdadeiras pérolas. Esta eu ouvi quando um menino - com entre 3 a 4 anos de idade - saia do elevador e falava para a mãe dele algo mais ou menos assim:
"Mãe, sabe o que eu descobri? Se um bebê nasce cor-de-pele, ele vai ser cor-de-pele; e se ele nasce marrom, ele vai ser marrom!"
Eu parei. Juro. Não acreditei no que eu tinha ouvido! Aquele pedaço de gente com preconceito!!! Era demais. Eu não quis me meter na conversa nem mostrar para os pais da criança o quão errado eles estavam. Que preconceito exacerbado! É indignante e revoltante!
O que? Você não percebeu preconceito nessa frase do garoto? Tudo bem, eu explico...
O menino acha que se o bebê nasce cor-de-pele, ele vai ser cor-de-pele. Tudo bem, lógica perfeita, além de observação da natureza: costumamos carregar por toda a vida a cor que temos ao nascer (a tonalidade até muda um pouco).
Mas o que é patente visível de preconceito foi quando o garoto falou que "se nascer marrom". Ah é? Então o garoto considerou que a outra cor-de-pele que ele se referia (provavelmente a cor dele mesmo - "branco leite") era a cor normal, e que a cor "marrom" para a pele não era normal, por isso não merecia ser chamada também de cor-de-pele.
Ou seja, para aquele singelo garoto em sua mente já está claro que a única cor digna (digna no conceito dele) de ser chamada de "cor-de-pele" é a branca. Enquanto que a marrom não é cor de pele, por isso não recebeu tal designação.
Preconceito que vem de berço! Céus! E dizem que o Brasil tem futuro, com nossas crianças sendo educadas dessa forma...
É um absurdo!
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