domingo, 18 de maio de 2008

Sobre pessoas e relacionamentos

(Historiador do cotidiano)

Estava aqui pensando sobre o que ia escrever hoje. Pensei em começar com "notas de viagem", sobre a viagem de alguns dias que acabei de voltar. Mas não, fica para amanhã. Pensei em começar sobre a questão da síndrome de estocolmo, mas o artigo abaixo deste é suficiente.

Então pensei em escrever sobre relacionamentos. Sei que já escrevi sobre eles, mas esse é um assunto infinito. Nós - seres vivos - nos relacionamos como outros seres vivos, e todo contato é um tipo de relacionamento.

Namorar é uma das situações de relacionamento mais difíceis. Mas eu chego lá.

Relacionamentos são difíceis porque as pessoas não conseguem aceitar umas às outras. É sério... nós conhecemos as melhores pessoas em ambientes nada a ver; seja num hospital, numa livraria, ou mesmo num acidente de trânsito. O nosso amor verdadeiro aparece quando a gente menos espera, quando estamos descabelados, não vestidos de forma elegante (sabe aquela calça jeans surrada com uma camiseta básica?), quando estamos prontos para tudo - menos para encontrar alguém.

Por que faço essa ressalva? Porque quando conhecemos pessoas no colégio, universidade ou trabalho, normalmente nos relacionamos com interesses profissionais ou - quando muito - de amizade. Mas quando rola uma aproximação maior (uma amizade) você já conhece bem a outra pessoa, suas qualidades e seus defeitos. Nós entendemos que aquela outra pessoa não está pronta, não é perfeita, é falível e você aceita isso como normal.

Mas quando nós nos relacionamos com pessoas, com fundo afetivo, parece que essas expectativas mudam de figura. Não mais aceitamos que as pessoas errem, elas simplesmente precisam entrar nas nossas vidas de forma perfeita; as pessoas precisam ser perfeitas. Mas as pessoas não são perfeitas! Então construímos nossos relacionamentos em cima de pilares imperfeitos: eu e você.

Ora um relacionamento - seja de amizade, trabalho ou amoroso - se constrói em cima de pessoas imperfeitas, então não podemos esperar a perfeição da pessoa que está ao nosso lado. Não podemos esperar que as pessoas sejam exatamente o que (ou como) queremos. E é essa diferença que importa.

Ninguém é perfeito. E ninguém é perfeito para a outra pessoa.

Vou citar um exemplo pessoal: há quase uma década atrás, conheci através do irc uma menina enquanto conversávamos sobre linguagens de programação. Eu era da engenharia e ela de sistemas. Nós namoramos por um intervalo de quase dois solistícios. Ela fumava e eu sou alérgico - óbvio que ela não fumava quando eu estava por perto. Resultado? Ao longo de todo namoro conversamos sobre isso, com paciência e esforço - DOS DOIS - ela largou. O que eu quero mostrar com isso? Que as pessoas mudam, que as pessoas nunca serão iguais, que todo o universo se move - por que nós seríamos diferentes?

A única constante é a mudança. Coisas, e principalmente pessoas, não mudam da noite para o dia. Esse processo da minha ex levou meses! Eu sabia que ela tinha os problemas dela, ela sabia que eu tinha os meus, e nós sabíamos que às vezes errávamos. No início do relacionamento ela não estava pronta, não era perfeita. Mas durante o relacionamento também não e muito menos no término. Por que? Porque ninguém é perfeito! Eu também não era perfeito pra ela, nunca fui.

As pessoas não são perfeitas. Aceitamos isso em relacionamentos de amizade e em relacionamentos profissionais. Por que não aceitamos isso em relacionamentos amorosos?

Eu erro, e você também. Todos nós. Ontem posso ter sido desagradável, hoje levo meu ombro para suas lágrimas. Ontem você pode ter gritado e hoje chorado. Isso foi ontem... e hoje... não somos perfeitos, mas nos esforçamos. O futuro a Deus pertence, mas nossa experiência vai construir um amanhã melhor.

Então por que desistir numa topada? A vida é uma longa caminhada, e desistir é uma solução permanente para um problema temporário. Vejo casais completarem bodas (de casamento) de ouro, diamante, rubi... por que? Porque eles sabem que as pessoas com quem se relacionam não são perfeitas, que têm picos de humor, que riem e choram.

Os relacionamentos não são perfeitos porque as pessoas não são perfeitas. Mas cada dia construído junto é um passo adiante nessa longa e linda estrada que chamamos de vida.

Imperfeições acontecem, e errar é humano. São tropeços na estrada. Mas admitir o erro, se arrepender, levantar e sacudir a poeira, segurar a mão e continuar é exclusividade do amor.

Pense nisso, querida leitora, antes de crucificar seu relacionamento (ou a pessoa com quem você se relaciona) por uma topada.

Abraços, e lhe desejo uma excelente semana!

Um comentário:

Liz disse...

com bem sabe para mim, relacionamentos são sempre complicados de se falar mais para quem ler, de agora em diante vou passar a mesma cronica te passei em uma outra oportunidade..

para mim ela resume exatamente relações e relacionamentos..
cuiriosamente sou alergica e meu noivo e fumante.. ironico não?


vou postar o que acredito ser o " meu manual de relacionamentos".

Bjs e uma boa semana


O amor de sua vida
Roberto Freire

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades
que ela tem, caso contrário os honestos,
simpáticos e não-fumantes teriam uma fila
de pretendentes batendo à porta.
O amor não é chegado a fazer contas,
não obedece à razão.
O verdadeiro amor acontece por empatia,
por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano.
Isso são só referênciais.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira
que os olhos piscam, pela fragilidade
que se revela quando menos se espera.


Ama-se pelo cheiro, pelo mistério,
pela paz que o outro lhe dá,
ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira
que os olhos piscam, pela fragilidade
que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante.
Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho,
você gosta de praia e ela tem alergia a sol,
você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo,
nem no ódio vocês combinam. Então?

Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa
imobilizado, o beijo dela é mais viciante
do que LSD, você adora brigar com ela
e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você é bonita. Seu cabelo nasceu para
ser sacudido num comercial de xampu
e seu corpo tem todas as curvas no lugar.
Independente, emprego fixo, bom saldo no banco.

Gosta de viajar, de música,
tem loucura por computador
e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor,
não pega no pé de ninguém e adora sexo.
Com um currículo desse, criatura,
por que diabo está sem um amor?

Ah!!!...o amor, essa raposa.
Quem dera o amor não fosse um sentimento,
mas uma equação matemática:
eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio
nem consulta ao SPC.
Ama-se justamente
pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares,
generosos tem às pencas,
bons motoristas e bons pais de família,
tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito
que o AMOR DE SUA VIDA é!

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