sábado, 19 de abril de 2008

O melhor é empatar

(Historiador do cotidiano)

Eu estava refletindo hoje sobre relacionamentos. E sobre nossas vidas pessoais. Vivemos numa sociedade estupidamente competitiva onde os princípios básicos - como "O mais importante não é vencer, é competir" - são esquecidos na mesma velocidade que uma vaga lembrança de coisas boas passa pelas nossas mentes.

Hoje em dia competimos. Cada vez mais. Queremos ser os melhores no trabalho, no grupo, melhor chefe, melhor subordinado, melhor projetista, melhor executor, melhor, melhor, melhor... mais rápido, mais eficiente, mais competente, mais dinâmico, mais, mais, mais...

Sempre mais, sempre melhores, sempre no limite... e a vida social? Sempre queremos frequentar os melhores locais, os que tocam as melhores músicas, os ambientes mais agradáveis, termos os melhores amigos, sermos os mais engraçados, sermos os mais descolados, dançarmos melhor, os mais, os melhores, os mais, os melhores...


Isso reflete drasticamente na nossa vida pessoal: se vivemos esse clima alucinante de competição quase 24 horas por dia - pelo menos na vida profissional e na social, que devem representar cerca de 2/3 da vida do ser humano moderno - o que nos impedirá de transpormos tais exigências (de sempre mais e melhor) para a vida pessoal?

O que acontece? Começamos a competir com todos, por tudo, e por qualquer bobagem. Já vi gente discutir quem tinha a melhor caligrafia! Mas o ponto aqui é a competição quando levada para o campo dos relacionamentos amorosos (namoros e afins).

Quando você está num relacionamento, e tem aquele conceito de competição hipodérmico, praticamente tudo no namoro vira uma disputa. Se você solta alguma farpa, a outra pessoa manda uma ripa; se você alfineta, a outra pessoa vem com um prego; e a coisa só tende a piorar: se você está mal e diz alguma coisa áspera, a outra pessoa - ao invés de conversar de forma compreensiva - dá uma resposta ainda mais áspera, para "vencer" aquela "disputa". Mas será que era mesmo uma disputa? Nem de perto.

Então os sistemas de cooperação mútua... ops... perdoe o linguajar, é o lado profissional na tentativa de interferir no lado pessoal.

Então as pessoas não se ajudam, passam a competir na tentativa de ver "quem vence". Quem vence? Normalmente a vitória de uma pessoa implica na derrota da outra, se tivermos uma situação de disputa dentro do relacionamento.

Neste caso, temos dois tipos de relacionamentos: pessoas fortes que namoram pessoas fortes, e pessoas fortes que namoram pessoas fracas. Pessoas fracas não namoram pessoas fracas. Vamos analisar uma disputa em cada tipo de relacionamento?

Pessoa forte versus pessoa forte: numa disputa provavelmente ambos vão querer que seu ponto de vista INDIVIDUAL se sobressaia. Como é bem possível que as pessoas não cheguem a um consenso, a disputa vai se encerrar quando uma das pessoas fizer seus argumentos sobrepujarem os do seu interlocutor, ou quando seu interlocutor desistir. Em ambas situações teremos uma situação de vitória de uma das pessoas, o que ocasionará o desgaste de ambos por sempre os dois estarem envolvidos em disputas.

Pessoa forte versus pessoa fraca: nesse tipo de relacionamento, uma disputa potencialmente terminará com o forte "vencendo" o fraco. O que acontece nesse tipo de relacionamento? Desgaste do fraco por sempre ter suas opiniões reprimidas.

(Existem essencialmente dois tipos de pessoas: as que se estressam numa fila, gritam com o caixa e relaxam; e os caixas, que escutam calados, vão armazenando, e um dia pegam uma arma e matam 50 pessoas num mercado)

Enfim... em ambas as situações temos condições de disputa e vitória; e em ambas há o desgaste dos envolvidos. O que acontece? Isso desgasta o namoro! Então da próxima vez que ouvir uma resposta áspera, será que não é melhor você falar uma palavra de carinho - ao invés de querer "vencer" sendo ainda mais áspero?

E se não houver disputa? E se os dois se entenderem sem disputarem? E se os dois simplesmente sorrirem e virem que a vida é mais que uma disputa boba que não vai levar a lugar nenhum?

É nessa hora que eu acredito que o empate é melhor que a vitória. Na realidade, empatar é a vitória do relacionamento!

E você? Prefere vencer? Ou empatar?

Abraços, e um excelente feriadão pra você.

3 comentários:

Tati... disse...

Saco vazio para em pé sim ( pendurado na parede)rsrsrsrs
Depois de ler o que você disse ainda assim continuo preferindo vencer.
Sei lá ou eu ganho ou perco,agora empatar não é muito pra mim não.
Bjus fui.Tenha um bom domingo.

Tati... disse...

Ai,ai,ai... Voltei só pra falar que o arquivo que eu tava procurando era algo sobre o Cel Ubiratan ou algo assim.
Tchau.

Tati... disse...

Já vim aqui pela terceira ou quarta vez esperando que estivesse atualizado,buaaaaah!

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