sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Pesquisadores defendem INPE

Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0202200804.htm

Pesquisadores defendem INPE em manifesto

Cientistas de vários centros de pesquisa do governo divulgaram ontem uma carta em defesa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), cujos dados sobre a aceleração do desmatamento na Amazônia de agosto a dezembro foram criticados pelo Ministério da Agricultura, pelo governo de Mato Grosso e até pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, estimou que só nos últimos cinco meses de 2007 a área desmatada na Amazônia foi da ordem de 7.000 quilômetros quadrados. A cifra equivale a 62% de tudo o que se desmatou no período de agosto de 2006 a julho de 2007.

O número foi considerado alto demais por Lula -que não se conforma com uma aceleração tão grande, após três anos seguidos de queda no ritmo de desmatamento- , que pediu ao Inpe uma checagem dos dados.

A carta assinada por cem cientistas, de seis institutos e três universidades, diz que pôr em dúvida a eficácia do Deter e "a lisura, a competência e a isenção do Inpe (...) serve a ninguém mais que os desmatadores ilegais da floresta amazônica".

"O fato de que os números do Inpe estariam sob investigação para minimizar o impacto do aumento do desmatamento acaba se voltando contra os cientistas que produzem informações com todo rigor metodológico", disse à Folha Ima Vieira, diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição, como o Inpe, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

"O problema não reside nas pesquisas e nos programas de monitoramento e sim na profunda falta de convergência entre as políticas públicas de desenvolvimento regional."

Para Antônio Donato Nobre, do Inpe, a "desmoralização oficial" da ciência, "sob encomenda do agronegócio", lembra o que aconteceu nos EUA na década de 1990, quando os lobbies do carvão e do petróleo tentaram solapar a ciência da mudança climática. "Graças a essa não-aceitação, perdemos 15 anos de ações no combate ao aquecimento global. Vamos fazer mais pesquisa para documentar a destruição final da Amazônia? Por quantos anos? Até quando já for tarde demais, como é o caso para o clima?"

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