segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Aprenda a investir em titulos do governo via internet

Extraído de: http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/economia/pri_eco_98.htm em 06/set/2010

SEU BOLSO

Governo atrai poupadores
Com rentabilidade maior que a paga pelos fundos e pela caderneta, o Tesouro Direto conquista 197 mil investidores

  • Gabriel Caprioli



  • Aplicar em poupança, escolher um fundo administrado pelo banco ou arriscar uma rentabilidade maior com a compra de ações na bolsa de valores. São algumas das muitas dúvidas que pairam sobre o consumidor quando sobra um pequeno valor no orçamento doméstico ou quando é necessário economizar para um objetivo específico. O que pouca gente sabe é que, atualmente, o pequeno investidor também pode recorrer aos títulos do governo com a mesma facilidade de quem acessa a conta- corrente pela internet(1).

    Desde o início de 2002, o Tesouro Nacional mantém o programa Tesouro Direto, criado para oferecer aos investidores pessoa física os mesmos títulos(2) públicos vendidos aos grandes aplicadores institucionais. Com quantias a partir de R$ 150, qualquer cidadão pode passar a ser um credor da União e deter parte da dívida federal. “A grande vantagem para o investidor é poder comprar com, por exemplo, R$ 500, papéis pelo mesmo preço e com as mesmas condições de juros e de rentabilidade prevista obtidas por um banco que adquiriu R$ 300 milhões dos mesmos títulos”, explica o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Rodrigo Cabral.

    Antes, o cidadão podia ter acesso aos títulos do governo apenas por meio de fundos de investimento, que normalmente possuem em carteira um conjunto de papéis públicos. Cabral destaca que a principal diferença entre essa forma de investimento e o Tesouro Direto é que, no programa, o pequeno investidor pode montar a própria carteira. Já nos fundos mistos (compostos também por ações e outras aplicações), ele apenas se serve da rentabilidade pelo período no qual detém as cotas da aplicação, sem controlar a composição da carteira.

    Na prática, ao investir diretamente pelo programa do Tesouro, o pequeno investidor pode adquirir os títulos públicos conforme seus planos. Se estiver comprando um apartamento que ficará pronto em três anos e precisar do dinheiro para pagar as chaves, ele pode aplicar nos pré-fixados, que garantem no momento da aquisição a taxa de rentabilidade. Caso pretenda guardar dinheiro para uma viagem sem data definida, pode optar por aqueles atrelados aos índices de inflação que, ao longo do investimento, mantêm o poder de compra do dinheiro investido.

    Além da garantia dada pelo Tesouro Nacional, que torna a aplicação mais segura, o programa oferece uma rentabilidade atrativa, uma vez que os papéis são atrelados à inflação e à taxa básica de juros, a Selic, e o custo de manutenção é relativamente baixo, em comparação com outros fundos de investimentos.

    “Para quem não quer correr os riscos da bolsa de valores, investir no Tesouro Direto é muito melhor do que nos fundos, pois alguns possuem taxas de administrações muito elevadas dependendo do valor da aplicação e elas acabam comprometendo a rentabilidade”, comenta o economista Clodoir Vieira, da corretora Souza Barros.

    Um levantamento feito mensalmente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) aponta que o rendimento médio dos títulos públicos nos últimos 12 meses encerrados em agosto foi de 17,11%. No mesmo período, os fundos de renda fixa renderam 10,53%. Já uma simulação feita pelo Tesouro indica que mesmo se a taxa de retorno bruta for semelhante, o programa pode render até 75% mais que um fundo de investimento com custo de administração de 2%. Além disso, pode render também até 34% mais que a poupança, em um mesmo período.

    Cadastro
    Para poder comprar os títulos públicos via o Tesouro Direto, o pequeno investidor precisará entrar em contato com um dos bancos ou agentes credenciados pelo Tesouro para operar o sistema, pelo site da instituição (leia o passo a passo no quadro). Será cobrado apenas o custo da aplicação, que é de 0,1% sobre o valor da compra, mais 0,3%, ao ano, referentes à custódia dos títulos, que ficam guardados na Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). No vencimento dos papéis, cujos prazos variam de um mês até 30 anos, também é descontado o Imposto de Renda. Mas há casos em que é possível optar pelo desconto mensal.

    “Os prazos dos títulos variam e o investidor pode escolher em aplicar seis meses, um ano, ou mesmo mais. Isso vai depender de quanto tempo ele pode esperar”, lembra Vieira. Ele indica a compra de títulos pré-fixados para aplicações de até um ano e meio e os pós-fixados para prazos maiores.

    Os bancos que operam o sistema têm liberdade de cobrar uma taxa de administração que pode ser fixada livremente entre zero e 4%. Entretanto, Cabral ressalta que algumas instituições não cobram essa taxa e, pelo site do Tesouro Direto, o investidor pode acessar um ranking de agentes de custódia, organizados pela tarifa que cobram, e comparar os custos.

    Desde a criação, o programa já atraiu mais de 197 mil investidores. Até julho (último dado disponível), o estoque de títulos na mão dos investidores dessa modalidade era R$ 3,9 bilhões. Do total de operações, 52,04% são de valores abaixo de R$ 5 mil, o que aponta a participação expressiva do pequeno investidor.

    Os títulos pré-fixados e atrelados à inflação são os mais procurados e representaram, em julho, 49,71% e 37,57% das vendas, respectivamente. “Nesse fato, você percebe a diferença de perfil do pequeno investidor para o institucional. O primeiro não está interessado em variações da Selic de curto prazo e sim em um resultado de longo prazo”, chama atenção Cabral. Os papéis indexados à variação da taxa básica de juros no período representaram 12,72% das operações.

    Já Vieira, da Souza Barros, prefere indicar aos clientes para apostar nos títulos públicos atrelados à Selic. “No fim, a diferença entre os títulos atrelados à Selic e à inflação é mínima, e, em alguns casos, a rentabilidade atrelada à taxa de juros do governo pode até ficar acima da condicionada ao índice de preços. Além disso, a segurança dos papéis atrelados ao índice do governo é maior”, completa.

    1 - Acesso fácil
    O ambiente na internet do Tesouro Direto permite não apenas a compra e a venda direta dos títulos, mas também concentra um grande número de informações para os interessados. O investidor poderá encontrar tabelas de rentabilidade, uma lista com as dúvidas mais comuns em relação ao programa além de um simulador de investimentos, criado pela BM&FBovespa, no qual é possível “operar” o programa em uma espécie de jogo.

    2 - Dívida pública
    O governo emite e vende títulos ao mercado financeiro como forma de financiar os gastos da máquina pública. A administração da dívida da União, que hoje ultrapassa R$ 1,6 trilhão, tem por objetivo prorrogar os prazos de pagamento, substituindo os papéis que vencem por outros novos. Quanto mais confiável é a economia de um país, mais seguros são considerados esses títulos que compõem o endividamento do governo.

    Colaborou Rosana Hessel




     




    Inflação mais alta

    Depois de quase três meses de inflação zerada, os consumidores verão, a partir desta semana, índices em alta, puxados, sobretudos, pelos artigos de vestuário, devido à chegada das novas coleções, e pelos serviços pessoais, como mecânicos, cabeleireiros e empregados domésticos. Nas contas da economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) usado como referência para o sistema de metas inflacionárias do governo, deve ter subido 0,10% em agosto. Já o Índice Geral de Preços — Disponibilidade Interna (IGP-DI), que corrige algumas tarifas públicas, pode ter registrado um salto de 0,75%.

    Para Tatiana, é preciso ficar de olho nos preços dos produtos agrícolas, que estão chegando com fortes reajustes nos supermercados. Os alimentos, por sinal, foram os principais responsáveis pela baixa da inflação nos últimos meses, o que permitiu ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) interromper o processo de alta da taxa básica de juros (Selic), que deve ficar em 10,75% pelo menos até o fim do ano.

    Os fabricantes de pães, massas e biscoitos também já avisaram que terão de repassar aos consumidores, nos próximos dias, aumentos de até 10% nos seus produtos. O motivo é a escassez de trigo, por causa da forte seca que atinge a Rússia, o terceiro maior fornecedor mundial.

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