(Historiador do cotidiano)
Tem coisas no cotidiano, verdadeiras pérolas que Deus nos dá, para gozarmos as pessoas. Óbvio que é sempre melhor rir de situações do que de pessoas, pois ofende menos.
Hoje aconteceu uma dessas comigo: Eu estou aqui no apartamento, tranqüilo e calmo, me preparando pra ir tomar banho e de repente escuto um barulho na porta. Inicialmente pensei que era no vizinho mas era efetivamente aqui. Sem pestanejar, tomei minhas medidas de proteção e fui para a porta. Era um sujeito, de terno, tentando abrir minha porta com uma chave. Eu fiquei só observando, pelo olho-mágico, a cena.
No início eu fiquei puto ("porra, o que esse merda quer na minha porta?"), mas o sangue começou a esfriar e eu comecei a entender o quão cômica era a situação: o sujeito estava com a chave de outro apartamento, não entendeu o número, e estava tentando abrir o meu.
Ele tentava, suspirava, olhava pro número da porta, tentava de novo, tentava mais uma vez, ia na luz do corredor, examinava o número que constava na chave, e repetia tudo de novo. E de vez em quando ele falava algo como "que droga", "porcaria", "que merda", "será que é essa chave mesmo?" e afins...
Eu já estava rindo por dentro, mas como "merda só presta grande", eu tinha que fazer algo para piorar a situação. Sério mesmo... eu não podia deixar como estava. Quando o sujeito tentou de novo, eu virei a trava da porta (eu tranquei a porta, mas como ele estava tentando abrir, entendeu que a porta tinha destrancado). Aí sim eu vi ele mexer na maçaneta tentando abrir aquela porta! Tentou umas três vezes, parou, botou a mão na cintura, e falou em alto e bom tom: "puta que pariu, essa merda não vai abrir?"
Juro que a essa altura eu já estava gargalhando por dentro. E me segurando pra não rir alto. Foi hilário! Estou rindo até agora.
Ele voltou a tentar abrir a porta. Eu peguei o interfone e liguei pra portaria:
"Portaria, boa noite"
"Alô?"
"Pois não?"
"Está acontecendo algo?"
"Como assim?"
"Tem um sujeito de terno aqui tentando abrir minha porta!"
"Sério?"
(barulho de vozes, desligam com pressa na minha cara)
Voltei correndo pra porta, para ver o desenrolar. O sujeito no intervalo de mais um suspiro vê o funcionário se aproximar. Ele se afastou da porta, mas deu para ouvir o diálogo:
"Você trabalha aqui?"
"Sim"
"Você tem idéia do que está acontecendo com a porcaria dessa porta?"
"Deixe-me ver sua chave... hum... o senhor está tentando abrir a porta do apartamento errado"
(tom de voz do sujeito muda): "Ah é?" (fala com tom de estar claramente constrangido): "Mil desculpas, obrigado pela ajuda!" e vai para o apartamento certo.
Eu ainda estava na porta... juro que pensei que ia urinar nas calças de tanto rir por dentro!
Escuto o barulho do cara abrindo a outra porta. Passo pela geladeira, pego uma garrafinha de coca-cola e vou pra varanda. Fui esperar o sujeito aparecer na varanda para poder fazer alguma última gozação com ele, mas infelizmente tal indivíduo não apareceu.
A noite hoje começou de uma forma inesperada, mas divertidíssima.
E quanto a você que me lê, espero que tenha se divertido com a história tanto quanto eu me diverti com a situação aqui.
Abraços, e uma excelente quarta-feira!
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