(Historiador do cotidiano)
Sonho, louco louco sonho
Madrugada de domingo para segunda-feira. Um sonho? Um avião. Em algum lugar estamos para embarcar num avião. Faltam nós dois, eu e ela. Não nos deixam entrar, o terminal é escuro mas vamos viajar, ela vai e eu vou. Íamos separados, nos encontramos por acaso, perto do instante do embarque. A plataforma é estranha, um misto de aeroporto Augusto Severo com o terminal rodoviário de Fortaleza.
Não nos deixam embarcar. Puxamos as credenciais, somos ambos aeronautas. Eu sou piloto, ela comissária. É uma sensação estranha, agradável. Uma moça vai falar com o representante da Anac. Somos autorizados, corremos feito loucos atravessando o enorme corredor, mas vem em nossa direção - no sentido contrário - um repórter para nos entrevistar. Não sei o motivo que pretendem nos entrevistas, mas digo a ela para correr porque sei lidar com a imprensa. Protejo-a porque sei que consigo resolver o problema. O repórter vem, dou uma driblada nele. Ela corre, eu a sigo de perto. É tudo estranho... mas conseguimos, mas dá tempo dela embarcar, mas dá tempo de entrarmos - juntos - naquele vôo.
Fico a me perguntar o que acontece? Vi aquela menina só poucas vezes na vida... algumas na universidade, outras na simulação, e uma no churrasco. Mas ela mexe comigo de uma forma diferente. Por que?
Flashes... luz branca...
Estamos num cais... ela está lá com alguns amigos, e eu me aproximo. É um cais em L, que lembra o de Salvador, mas tem uma construção na frente, como se estivéssemos na Rampa e com construções do outro lado do rio. A água sobe e desce, movimento de maré em ciclos de segundos. Eu a vejo e ela sorri pra mim. Ela tem o mau hábito de sorrir para as pessoas e o bom de não esperar que elas sorriam de volta. Mas ela sorri, e é sincera. Meu sorriso também: estou feliz em a ver. Conversamos, o mar se agita, um problema, alguém cai na água. Jogamos um barco, uma das pessoas entra no barco para socorrer a outra. Fico no cais. O mar se revolta e joga o barco no cais estreito. Ela escorrega com as águas até meu lado, é um pouco estabanada, mas está apaixonantemente charmosa mesmo toda molhada e sem maquiagem. Nós rimos juntos um riso descontrolado. Nos levantamos, damos as mãos e saímos de lá.
Não sei o que há... não me sinto tão bem assim ao lado de alguém há muito tempo. É como se fosse rodeado por milhares de pessoas mas sentisse falta de uma.
Flashes... luz branca... estamos num quarto, ou seria uma sala? Abrimos a porta e é um labirinto. Corremos pelo labirinto de portas e corredores mas não conseguimos encontrar a saída. É enorme. Vejo um homem, parece conhecer o local. Falo com ela para não fazermos barulho. Seguimos o homem à curta distância, por um emaranhado de portas e passagens secretas. Na última ele olha pra traz, nos vê. Na última ele abre para passarmos.
Passamos. Saímos do labirinto, juntos enfrentamos, juntos vencemos.
Não sei direito ainda o que acontece, mas o que importa é que ela está lá, comigo.
Flashes e mais flashes...
Estamos correndo, parece uma rua aqui próxima... comprida, muito arborizada. Corremos, entramos na casa da esquina no final da rua. Vermelha, tem um primeiro andar. Entramos na sala, há tijolos azuis, poligonais mas pequenos, pouco maiores que as palmas de nossas mãos. Abrimos espaço por entre eles e corremos, juntos e de mãos dadas ou próximas, para a porta. Saímos... juntos.
Acordei.
Acordei...
Acordei mas deixei um pedaço de mim no sonho...
Sei que estou cercado de pessoas queridas e agradeço por cada minuto de história compartilhada. Mas, cada dia que passa, aparentemente me sinto mais só...
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